Imagem: Eu, no carnaval.
No carnaval,quando eu era criança, gostavam de me fantasiar de palhaça. Pintavam no meu rosto olhares estelares, bochechas rosadas e um sorriso. A roupa que eu vestia pinicava, era uma mistura de vermelho, branco, amarelo e verde. Muito brilho, muita cor, muita graça.
Eu tinha duas mãozinhas assassinas que faziam pequenos furos na roupa, misturavam a maquiagem em meu rosto e me faziam parecer o Curinga do Batman, após ter derretido em um dia de sol.
Ao chegar no local em que seria a celebração, os adultos diziam que eu estava uma gracinha e apertavam minhas bochechas, as crianças riam de mim – e não é para isso que servem os palhaços? – e o som do meu riso se misturava ao som do riso delas. Eu era feliz e não sabia. Agora, eu sei.
A música tocava e o batuque fazia nossos corações vibrarem como um só.
Minha melhor amiga era uma melancia, meu irmão um índio canibal, e eu uma palhaça desfigurada de uma piada só. Mas, todos falávamos a mesma língua e éramos iguais em nossa essência.
No fim da festa confetes e serpentinas caíam feito neve sobre nós, era chegada a hora de dizer adeus e então dizer olá para a alegria infindável. A vida era o melhor dos carnavais.
Hoje, meus sapatos de palhaça apertaram os dedos dos pés, e todas as fantasias estão pequenas demais para mim.
* Escrito em 2008, para a aula de redação.
* Agora também escrevo
aqui, onde deixei outro ponto de vista sobre o carnaval. Todos serão muito bem vindos!
Monique Burigo Marin