Imagem: Monique Burigo Marin
Noite passada eu tive o pior pesadelo do ano: Eu não era eu
e não ser eu me consumia.
As pontas dos meus cabelos formavam cachos perfeitamente
loiros. Vestia branco e era difícil distinguir tecido e pele. Eu era frágil.
Porcelana.
A casa, onde meu corpo caído estava, era clara. Tons de
branco em toda parte. Elegância e delicadeza. Meu corpo no chão em pose de
bailarina. Olhos abertos e frios deixavam entrar qualquer um que desejasse.
Coloração abstrata.
De repente, o líquido escarlate me fugiu dos lábios,
espalhando seu cheiro fétido pelos cômodos. Impregnando as cortinas, os
tapetes, os lençóis. Tingindo a pureza com sua agonia. Perfurando a alma. Eternamente.
Minha transformação estava concluída. A natureza humana não
era mais que os cacos com os quais tentei golpear a fera – sem perceber que os
cacos era eu. Sei que, no fundo, errei propositalmente. Eu também quis provar
teu sangue e teus riscos.
Monique Burigo Marin
2 comentários on "Vermelho Morto"
Fez bem em desmontar-se em pedaços e meter-lhe os cacos na pele. Carcaça de fera é dormir em paz de novo.
"É muito censurado, mas acontece frequentemente, que com aspectos de devoção e piedade adoçamos o próprio demônio."
V de Vingança
Bela combinação.
Sangue e sorriso
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