Colheita

por Monique Burigo Marin às 11:25 PM

  Ela tinha cabelo castanho curto e cacheado e estendeu a mão aberta para mim. Eu olhei sem entender o que dizia aquela pequena jujuba cor-de-rosa. Todos aguardavam ansiosos. Então eu cometi o maior erro da minha vida.
  Se agora a pele dos outros derrete e os olhos caem, a culpa é minha. Se crianças estão saltando da janela em direção à piscina de bolinhas, a culpa é minha. Se o riso que escuto é falso e não há água no mundo capaz de lavar o veneno em seus lábios, eu sei que o doce é assassino e está entrando mais rápido nos corações do que eu saio.
  Aqui o sangue é rosa e me faz escorregar pelas escadas enquanto tento grudar agulhas de costura no corrimão. Todos precisam de remendo. Todos menos eu. Eu corri o mais rápido que pude para fora do buraco na maçã, mas permaneci estática. Foi assim que entendi: a semente de todo o mal sou eu.

Monique Burigo Marin

3 comentários on "Colheita"

deia.s on 14 de julho de 2011 às 09:20 disse...

"a semente de todo o mal sou eu."
É drástico, mas pode ser um fato.

Tenha um bom dia flor. :)

http://amar-go.blogspot.com/

Dan Arsky Lombardi on 15 de julho de 2011 às 11:22 disse...

Uma mistura da pílula vermelha de Matrix com a paranóia alcoólica de Dumbo.
Genial.
Se eu tiver de sangrar até a morte, que eu sangue xarope de groselha e que a bala seja de coco.

Iguimarães on 16 de julho de 2011 às 00:26 disse...

Eu achei que você pertencia ao divino.
Que bom reconher teu lado negro haha

Puxando o link ai do cinema, também vi uma coisa meio matrix,apesar de saber que não era a intenção haha.

Gostei,mas prefiro outros! Esforce-se para me agradar!

 

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