Pedra, Papel e Tesoura.

por Monique Burigo Marin às 4:48 AM
Imagem: Elsa Mora


Sei que você não sabe e nem quer saber quantas vezes desejei encontrar-te no meio das suas reflexões. Eu ficaria quieta, invisível, observando de longe para não atrapalhar. Prometo.
Eu queria tanto conhecer o seu sorriso e presenciar os seus momentos de inspiração e abrir as janelas da casa para libertar a fumaça dos cigarros que eu jogaria fora. Eu queria até aturar a sua fúria e aprender a tolerar os seus vícios que um dia vão acabar matando você.
Eu queria, mais do que tudo, poder salvá-lo. Mas não tenho forças nem para fazer curativos nos joelhos que eu ralei. Eu não vou me curar. Nem você. A gente vai acabar morrendo de overdose e ninguém nunca mais duvidará da nossa química.
Eu tenho medo das suas histórias e frases e palavras, de cada sílaba. Veio para atormentar-me a vida, preenchendo a minha insônia com sua presença. Talvez algum dia, alguém encontre os nossos manuscritos espalhados pela casa abandonada e queira nos ressuscitar.
Eu preciso, urgentemente, recuperar a segurança dos meus vazios e manhãs mal humoradas. Trazer de volta a sanidade dos meus sentimentos.
É tudo em vão, meu amor. Mas no vão das coisas cotidianas eu sei que nos preencheríamos. E que a presença do outro seria a certeza de que ainda há algo pra viver.
Minhas mentiras ruins não toleram a verdade: sou objeto do seu verbo, eu nunca soube conjugar. A sua presença é o que me falta agora. É o que me falta sempre. E se o seu sorriso parar de sorrir pra mim, meu bem, eu nem sei.


... Sei que esse amor de papel não durará. Somos como tesouras que tiraram férias.

Monique Burigo Marin

8 comentários on "Pedra, Papel e Tesoura."

Bruna B on 17 de fevereiro de 2011 às 11:48 disse...

Essa frase que finaliza, sério, perfeita.

Iguimarães on 17 de fevereiro de 2011 às 18:16 disse...

haha
você é incrível!
Estou demorando alguns minutos para escrever esse comentário,mas acho que não vai sair nada demais.
Um ótimo texto. Sua personagem fumante ainda vai te matar
;)

Italo Stauffenberg on 18 de fevereiro de 2011 às 00:23 disse...

arrasou no post!

super dinâmico!

parabéns!

http://manuscritoperdido.blogspot.com/

Dani Ferreira on 20 de fevereiro de 2011 às 07:34 disse...

Muito interessante a forma como você se expressou. Gostei muito mesmo :D Essa coisa de querer estar na rotina do outro ... enfim, suas palavras são tocantes. Nem tenho que o dizer rs.
Bgs ;*

Rabisco de unicórnio on 20 de fevereiro de 2011 às 11:19 disse...

adorei o blog !

Monique Sousa on 21 de fevereiro de 2011 às 15:52 disse...

[aaa] Parabéns pelo Blog, sabe fazer uma bela criticas com as palavras, já to seguindo aqui ... & mto obg pela visita & a dica no AAL! Beijos *-*

Wiliam Jose Koester on 22 de fevereiro de 2011 às 13:29 disse...

Não acredito que essa seja a Amanda. Aliás, nem a Isabel ela não pode ser.

Se for mesmo a Amanda, então ela não é tão durona quanto parecia ser...
É só um cisne cinza perdido em sentimentos que nem ela nem eu conseguimos entender...

Sabrina disse...

Adorei, adorei, Monique! Parabéns *-*

 

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