Ilustração: Diniece
Barbudo,Sei que já passei da idade de escrever cartas pro senhor, sei que puxei a barba dos teus assistentes e não acreditei em ti. Mas hoje, eu fecho os olhos e torço tanto, tanto, para que a magia do natal não se perca.
Sabe, Noel, eu sei que existe uma porção de crianças que foram boas a vida inteira e ficarão sem presente neste natal. Como posso, então, acreditar na tua existência?
Há relatos de que fizeste milagres, não acredito, para mim, a tua simples existência já seria por si só um milagre. Um milagre lindo e aconchegante que traria esperança ao mundo.
Então eu ignoro o meu ceticismo e não quero nem saber se foste inventado pela Coca-Cola ou se és mero símbolo do cristianismo. Não quero saber. Eu tento acreditar, porque preciso, que o bom velhinho está em algum lugar lendo esta carta enquanto os duendes empacotam os presentes.
Se eu fosse você, Barbudo, deixaria doces embaixo do meu pinheiro – pode ser até um sonho, ou dois – junto com a máquina de fazer nuvens de algodão. E não me esqueceria das crianças sem endereço, pois são as que mais precisam daquele embrulho mágico que guarda os sonhos realizados. E faria isso sem demora, antes que o teu trenó movido à esperança pare de funcionar.
Isso É uma ameaça,
Boa Menina
*E para você que está cansado de esperar por um milagre: Doe, doe-se.
Monique Burigo Marin