Noctívago

por Monique Burigo Marin às 2:30 PM 3 comentários

   
   Como um inseto, você sobe pelos meus dedos. Leve. Lento. Objetivo. Rasteja sobre o meu corpo frio e desnudo a procura de um calor que não te pertence. Persegue meus lábios sem perceber que continuo imóvel, entorpecida. Provoca arrepios, mas não me entrego. Sou resistente como o seu desejo.
   Penso em te esmagar, em te soprar pra longe, em gritar por socorro. Mas aí você me morde e todos os pensamentos se perdem e se partem... A resistência também. Farelos de lembranças caem sobre a barriga – lar de borboletas imortais – e eu me pergunto quando foi a última vez em que senti meu corpo tremer assim.
   Você atravessa minha pele e envenena minha corrente sanguínea. Quebra meus ossos e confunde meu cérebro. Você me invade de um jeito maligno e ainda me arranca um sorriso dos lábios. Sorriso sádico.
   Os sentidos se misturam na sinestesia dos seus olhos. Minhas mãos desistem de te alcançar, já não te querem longe. Seu olfato fareja o sabor do medo se distanciando. Seu tato tateia meus poros e eles se fecham pra que você não se vá. Mas você se foi.

Monique Burigo Marin

Ele x Ela

por Monique Burigo Marin às 12:28 AM 4 comentários


  Estou te escrevendo pra contar que tenho algo que você deseja. É sério, não ouse duvidar – nem pular para o final desta carta.
  Sabe, já tem um tempo que voltei a chamar o quadro vivo, aberto na minha parede, de janela. É que tem um tempo que a vida se foi. Tem um tempo que você se foi... Mas, o fato é que a janela estava escondida atrás da cortina há tanto, que eu já tinha me esquecido do vaso que você deixou nela. Das tuas flores, só me restou a lembrança olfativa.
  Acordei um dia com o sol entrando pelas frestas. Há muito tempo não havia frestas. Há muito tempo não havia sol. Então, notei uma saliência na cortina e, quando ela começou a se movimentar, tive certeza de que era um bicho. Não era. Tem um tempo que as minhas certezas são incertas. 
   Pare de bocejar! Eu sei que você está crente de que eu não mudei nada e que ainda sou a mesma pessoa que levava uma eternidade só pra dizer que – é, eu ainda sou, só que. Tenha paciência, vou direto ao ponto do jeito mais pontual que eu puder.
  Eu, que até hoje não encontrei meu nome, não sei mais como te chamar. Seu nome parece não fazer mais sentido. Suas pernas cresceram saudáveis, no vaso que por pouco eu não defenestrei. Desde quando eu descobri, estou cuidando delas como nunca cuidei de nada na vida. Nem de mim.
  Vem buscar e não se esquece de trazer o meu nome. Eu sei que ele está contigo, sempre esteve.


P.S: Ainda tem muito chão pra correr.

Monique Burigo Marin

Achados e Perdidos

por Monique Burigo Marin às 9:35 PM 7 comentários
Pintura: Brian M. Viveros

   Naquele dia, o sol ardia como a ferida aberta em seus dedos finos – e era noite. Amanda se esquivava como podia, andava cambaleante pela rua. Os outros a julgavam, “mais uma perdida na vida”.  Não sabiam eles que foi a vida quem se perdeu.
   Emergiu de seus pensamentos ao sentir o frio inconfundível de construção vazia. Finalmente um lugar digno de sua presença. Finalmente um lugar onde repousar o maltratado esqueleto. Um lugar cinza e oco e frio, bem no coração da cidade. Ela conhecia, melhor que ninguém, esse tipo de construção. Seu próprio coração estava cheio dessas, quase completamente povoado por elas. Ali ela se sentiria em casa.
   Entrou, sem bater, pelo buraco sem porta. Olhou em volta sem muito interesse, pois estava muito cansada para se interessar por qualquer coisa. Sentou naquilo que parecia uma escada para o segundo andar, tombou os ombros e a cabeça para frente, olhou brevemente para as próprias mãos, onde lágrimas pingavam como chuva. Naquele dia, Amanda chorou cada gota aprisionada dentro das nuvens negras que carregava dentro de si.
   “Filho da puta”, murmurou ela, já conformada com a impossibilidade de esquecê-lo. “Eu sabia”. Não, ela não sabia. “Eu sempre soube”. Ela não sabia porra nenhuma. Xingar era apenas a sua maneira de dizer que sente muito. Sente muito sentir tanto.

   Naquele dia, o sol ardia como a lembrança dela – e era noite. Ele caminhava distraído, seus passos fingiam firmeza. A música vinda dos fones de ouvido modificava o mundo ao seu redor. Os outros o julgavam, “mais um perdido no mundo”. Não sabiam eles que foi o mundo quem se perdeu.
   Emergiu de seus pensamentos ao sentir o calor inconfundível do corpo dela. Deteve seus passos em frente ao vazio de uma construção. Mas não fazia sentido, o lugar era indigno da presença daquela mulher. Seguiu adiante. Perdeu o calor do corpo dela pelo caminho. Perderam-se.


Monique Burigo Marin

Papel e Tinta

por Monique Burigo Marin às 9:08 PM 4 comentários




O que me restou
de você 
foi este vazio 
em preto e branco. 



O que me restou
de você 
foi este vazio 
em preto e branco. 



O que me restou
de você 
foi este vazio 
em preto e branco. 



O que me restou
de você 
foi este vazio 
em preto branco. 




Monique Burigo Marin

Solilóquio

por Monique Burigo Marin às 9:15 PM 4 comentários

- Talvez eu esteja tentando remendar cacos de vidro.

- Como naquela vez em que você quebrou o meu copo de requeijão.
- Não tinha cola.
- Não tinha agulha.
- Tinha linha.
- Eu tinha você.

(...)

- Talvez eu desista.
- Talvez você passe por cima disso.
- Talvez eu passe por cima disso e me corte tão fundo que nem consiga remover os pedaços.
- De repente você acaba por se adaptar ao corpo estranho dentro do seu.

(...)

- Talvez o corpo estranho seja eu. 


Monique Burigo Marin

Le mot juste

por Monique Burigo Marin às 6:42 PM 2 comentários
Tive a felicidade de conhecer, ainda que pouco, um escritor que tinha para tudo uma palavra certa. Para não perder excertos, ele carregava no bolso uma caneta nanquim, foi com ela que escreveu na palma da minha mão o que não se escreve. Admiradas com as palavras dele, as minhas, crianças de pernas bambas, engatinharam de volta para dentro de mim. Ele percebeu.
Ele percebeu e, como se fizesse aquilo todos os dias, empurrou uma por uma para fora do ninho. Acima das nuvens, todos os 800 gritos mudos que eu ainda estava guardando, ganharam voz. Aos bastardos, ofereci o mais rápido que pude minha compaixão e uma pilha de papel em branco para suavizar a queda. Em branco - para que não esmagassem as outras.
Se ele conhecesse eus e o cotidiano, ainda que pouco, saberia que aquilo que foi escrito, foi escrito com caneta permanente. 

* Tudo o que me toca vira tatuagem. 

Monique Burigo Marin

Ama-dores

por Monique Burigo Marin às 1:43 PM 4 comentários

Consequência

por Monique Burigo Marin às 1:18 PM 2 comentários
 Tenho medo de sair de casa e encontrar você. Tenho medo de sair de casa e não te encontrar. Pela rua, seus olhos me sorriem em rostos estranhos. Seus passos me seguem na direção errada.  É que eu deixei pistas falsas pelo caminho.  Sinto muito. Pensei que eu estivesse lá, mas eu não estava.  Pensei que eu estivesse aqui, mas não.
   Eu ando precisando esquecer de tudo isso que a gente não foi juntos. Do seu jeito de conversar comigo dentro de ti. Desta minha mania de querer te escutar, de querer te entender, de querer viver pra sempre aí dentro. Eu ando.
   Quem me vê passar, assim despreocupada, não me reconhece. Não vê, no meu jeito de andar, os buracos e as pedras e as guerras que enfrentei. Não vê porque a juventude oculta a alma em decomposição. E quem me vê andar, assim leve, não imagina o peso que é carregar você no pensamento.
Eu estou contigo, e não vou embora. Nem que pra isso eu tenha que ficar sem mim.
Monique Burigo Marin

Albinismo

por Monique Burigo Marin às 10:00 PM 8 comentários


O nascer do sol é uma criança maldosa que nunca envelhece. Nasce rasgando a cortina e o silêncio. Revela os segredos que eu jamais quis. Ilumina entre os destroços teu nome: nítido como uma flor no asfalto, resistente como o próprio asfalto.  Este inferno é o mesmo todos os dias. O sol manchando minha pele – e minhas convicções. Rotina. Minha retina exposta encara minha solidão.
À luz do dia, revivo teus dedos pesados tocando delicadamente meu rosto. Meus lábios. Minha alma. Tuas unhas querem distância dos teus dentes, mas a distância não existe. Tua pele tem o gosto das lágrimas que não derramamos. Teu cabelo é a floresta escura onde eu me perco. Teus braços oferecem abraços irrecusáveis, abraços que são como deitar na própria cama depois de anos insone.
Vi tua pupila crescer junto com a tua necessidade de mim. Mas eu jamais serei tua. Nós jamais seremos. E antes que eu me entregue, meus dedos leves encontram uma brecha na tua armadura, perfuram tua pele, removem teus órgãos vitais. Já não sei como acabar com esta maldita agonia.
 Ontem eu fui embora da tua vida, mas cometi o erro de olhar pra trás. Pra te esquecer, preciso dar sonífero pra essa coisa que você desperta em mim, cada dia uma dose maior e mais forte.

Monique Burigo Marin

245

por Monique Burigo Marin às 4:03 PM 3 comentários


Que bom que você está aqui. Preciso te contar que atravessei meu peito com a faca de churrasco – prometa nunca mais usar uma. Desculpe se manchei o tapete, o sofá, as almofadas, a parede. Meu sangue deve estar por toda parte. Eu sempre fui incompatível mesmo.
 Desculpe por toda a bagunça que eu deixei. Mas já estava na hora de trocar a mobília. Já estava mais do que na hora de seguirmos em frente. Tive uma overdose de Elliott Smith e tomei coragem. Não estou arrependida, nada pode ser pior que este lugar. Por favor, não se culpe. Nem o seu amor poderia me salvar de mim. A sensação da lâmina fria perfurando a pele foi a melhor que tive em anos.

“Been pushed away and I'll never go back”

Monique Burigo Marin

É isto

por Monique Burigo Marin às 1:37 PM 1 comentários
Imagem: Monique Burigo Marin

   Felicidade é ver nossas toalhas enfileiradas feito sorvete Napolitano. É olhar pela janela e te ver chegar, fazendo florescer as flores do jardim, que eu desajeitadamente plantei. Felicidade é estarmos juntos, mesmo que longe das flores. É aspirar o próprio aroma na pele do outro, como se fosse um frasco cheio da mais incrível criação de Grenoille. E, no entanto, consumir o outro sem reduzi-lo.
   Felicidade é descascar tomates enquanto você me beija. É gelo que você conduz com as mãos em chama sobre a minha pele. É o hálito fresco fugindo dos teus lábios para a minha nuca. É o contato que nos funde num único ser e o som que pulsa cada vez mais forte, cada vez mais rápido.
  Felicidade é embaçar as lentes dos teus óculos. É ver tua íris de corredeira congelada descongelar na primavera, produzindo energia suficiente para abastecer o nosso mundo para sempre. E sempre que você fechar os olhos, eu espero que o mundo seja bonito do lado de lá.
   Felicidade é a cortina da tua janela fazendo tatuagens no corpo da gente. É a atração que a tua escova de dente tem pela minha, e vice-versa. É a vibração das nossas guitarras – e dos nossos corações – em sincronia. É encontrar as tuas pantufas no meu armário. 
   Felicidade é saber que você escuta as minhas palavras não ditas. São os nossos passos no silêncio. São as tuas mãos aquecendo as minhas. E todas as coisas que ainda faremos juntos. 
    Felicidade é dividir contigo o cobertor e a vida.

Monique Burigo Marin

Alô?

por Monique Burigo Marin às 11:34 AM 2 comentários

Imagem: Monique Burigo Marin
   Esta cidade é vazia sem vocês. Até minha casa ficou mais triste. Não há mais disputas para limpar a mesa, nem pelo último pedaço de pizza. Os lixeiros automáticos não me obedecem mais – por outro lado, o elevador ficou obediente. O sofá da sala ficou um tempo na sacada e depois se foi também.
   Sem vocês, esse mundo é mais imundo. Aqui, as borboletas não saem do casulo, assim como eu. Nos estacionamentos, só restou fumaça. As árvores e o mar se escondem no concreto. Aqui, não há mais piqueniques. A vizinhança está cada vez mais vazia – até a poesia abandonou as casas abandonas. Sinto falta da música, da música e do seu sorriso de ponto e vírgula, do seu sorriso e do meu sorriso que sorria para os seus. Sinto saudades do contraste que éramos juntos. Da nossa unidade.  
   Tem noites em que fico pensando na gente e a saudade derrama lágrimas pelo travesseiro, lágrimas que ainda estão molhadas pela manhã. A distância faz o tempo parecer mais longo. Faz o elo parecer mais frágil. Faz a lembrança parecer mais distante também, como se tudo tivesse acontecido numa outra vida.
   Eu estou ficando cada vez mais velha, e faz tempo que não dou uma de mãe, que não ligo assim que nos despedimos, só para me certificar de que tudo está bem – mesmo que não. Essa despedida parece não ter fim. Os telefones estão fora de área. 

Monique Burigo Marin

Obrigada

por Monique Burigo Marin às 8:49 PM 3 comentários
Imagem: Monique Burigo Marin

   Pensei em escrever sobre o teu jeito de desenhar sorrisos dentro de mim, nesses dias em que estou morta por causa dos tantos outros que se passaram. Pensei até em te contar, mas sei que te assustaria. E, de qualquer modo, meu silêncio contém pensamentos que não consigo decifrar, passeiam pelo teu caderno e por lá ficam, sorrindo sorrisos de desenho animado.
   Eu poderia escrever uma porção – e uma porção é o tamanho ideal para tudo, sabia? – de histórias para os teus personagens assimétricos, mas tenho medo de acabar distorcendo tudo. Eu queria saber descrever aquele olhar ensolarado que você soube desenhar, mas para alguém como eu, o sol chora gotas de chuva.
   Eu só queria, enfim, te agradecer por colorir com hidrocor esses dias secos e opacos, além de apagar as bigornas que ameaçam cair sobre mim. São inúteis, eu já não posso ser moldada – Estou pronta. E torta.


Monique Burigo Marin

Expiração

por Monique Burigo Marin às 9:53 AM 2 comentários
Imagem: Monique Burigo Marin

   Melhor eu permanecer isolada neste aquário, como um Beta de hábitos solitários. Como uma mancha de tinta diluída. Melhor você não tentar respirar no meu mundo, ele te sufocaria como um saco plástico. Mantenha distância. Quero teus pulmões cheios de ar, não de água.
   O vidro que nos separa adora criar ilusões, é só por isso que você me vê tão grande. Eu, que caberia no bolso da tua jaqueta. Eu, que temo por este vidro trincado. Eu, para quem o teu toque é uma ameaça. Perto de ti eu sou mais frágil e transparente que ele.

Monique Burigo Marin

Muito prazer

por Monique Burigo Marin às 6:50 PM 2 comentários

Imagem: Monique Burigo Marin
   Você desconhece a minha vontade de ter os pés descalços sobre a grama, viver entre as árvores, fluir como líquido pelas corredeiras. Desconhece meu ódio ao ver os animais condenados no campo e minha vontade de inverter os papéis. Quero aprisionar os responsáveis com arame farpado.
   Você desconhece esse meu lado cigano, esse meu lado bucólico, esse meu lado rebelde. Não crê na minha força por culpa da minha aparência frágil. Você nunca olhou, verdadeiramente, dentro dos meus olhos. Nunca viu a mulher atrás do rosto infantil. Aliás, você sempre esteve olhando para outro lado.
   A flor que caiu ontem daquela árvore, era eu. Eu, que um dia quis viver entre as páginas do seu livro empoeirado.
Monique Burigo Marin

Retalho

por Monique Burigo Marin às 6:49 PM 4 comentários
Imagem: Brian M. Viveros

  Não pense que te esqueci. Eu prometi: não esquecerei, nem poderia. Se me afasto, é porque te quero bem. Não desejo quebrar sequer um fio de cabelo teu. E agora, quando penso nos teus cachos caídos sobre os olhos, sei que não me cabe afastá-los, porque tenho mãos de tesoura.
  Mas, querido, se precisar de retalhos para remendar os estragos, eu providencio imediatamente.

Monique Burigo Marin

(Des)Medidas

por Monique Burigo Marin às 4:50 PM 4 comentários

Imagem: Monique Burigo Marin
   Eu volto logo, meu amor. Espere por mim, que eu volto. Só vou até ali na cozinha, pegar um copo d’água, pra minha garganta não secar de espanto. Pros meus lábios quererem um pouco menos a tua saliva.
 Desculpe se demoro, é que na cozinha eu aprendo um punhado de coisas. Devo experimentar para não me faltar tempero. Para não nos faltar tempero. Para não nos faltar coisa alguma. Unto, para não grudar enquanto você cresce dentro de mim. Não economizo, para que renda mais do que o suficiente. Exercito minha paciência, para que as coisas não desandem. E até coloco uma colher de açúcar, só para quebrar a acidez.
   Eu tenho cuidado para não passar do ponto, mas erro. Quem sabe, se a gente tirar os pedaços queimados, ainda reste alguma coisa?

* Sei que a tua medida é diferente da minha, mas se der para dois, eu aceito.


Monique Burigo Marin

Coriolis

por Monique Burigo Marin às 2:58 PM 2 comentários

Imagem: Monique Burigo Marin   
   Eu ainda te procuro. Dentro e fora de mim.  Nos olhos e nos lábios do outro. Isso não me deixa dormir. Fico observando as sombras dentro do quarto com medo de que tomem a sua forma e venham repousar ao meu lado. Até que a luz atravessa a cortina.
   Quando o sol nasce, sinto uma força ridícula apoderar-se de mim, como se o astro fosse eu. Como se, todas as manhãs, eu pudesse ser quem te beija a face. Mas eu e você estamos em lados apostos do hemisfério, cada um gira para seu próprio lado, você horário, eu anti-horário. 

* E quando o dia vem, as trevas se recolhem para dentro de mim. Sou o esconderijo perfeito.

Monique Burigo Marin

Volátil

por Monique Burigo Marin às 4:06 PM 3 comentários

Queria agora uma desculpa para chorar, deveria ter bebido. É, deveria. Minha lucidez custa caro. Traumatiza. Depois, quem se lembra de tudo sou eu. Eu que te amo incondicionalmente e não quero mais saber do teu amor, que é volátil como o álcool.

Monique Burigo Marin
 

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