Tenho medo de sair de casa e encontrar você. Tenho medo de sair de casa e não te encontrar. Pela rua, seus olhos me sorriem em rostos estranhos. Seus passos me seguem na direção errada. É que eu deixei pistas falsas pelo caminho. Sinto muito. Pensei que eu estivesse lá, mas eu não estava. Pensei que eu estivesse aqui, mas não.
Eu ando precisando esquecer de tudo isso que a gente não foi juntos. Do seu jeito de conversar comigo dentro de ti. Desta minha mania de querer te escutar, de querer te entender, de querer viver pra sempre aí dentro. Eu ando.
Quem me vê passar, assim despreocupada, não me reconhece. Não vê, no meu jeito de andar, os buracos e as pedras e as guerras que enfrentei. Não vê porque a juventude oculta a alma em decomposição. E quem me vê andar, assim leve, não imagina o peso que é carregar você no pensamento.
Eu estou contigo, e não vou embora. Nem que pra isso eu tenha que ficar sem mim.
Monique Burigo Marin
2 comentários on "Consequência"
De fato, a juventude oculta qualquer alma em decomposição. Será ela capaz de curar alguma coisa?
As coisas boas acabam, as flores murcham. Deixar pra trás é o que nos resta, porque voltar não dá. Quem sabe um recomeço todo diferente?
A música de fundo foi essencial para o entendimento do texto. Me identifiquei em várias linhas, talvez todas.
Postar um comentário