Tive a
felicidade de conhecer, ainda que pouco, um escritor que tinha para tudo uma
palavra certa. Para não perder excertos, ele carregava no bolso uma caneta nanquim, foi com ela que escreveu na
palma da minha mão o que não se escreve. Admiradas com as palavras dele, as minhas, crianças de pernas
bambas, engatinharam de volta para dentro de mim. Ele percebeu.
Ele percebeu e,
como se fizesse aquilo todos os dias, empurrou uma por uma para fora do ninho. Acima das nuvens, todos os 800 gritos mudos que eu ainda estava
guardando, ganharam voz. Aos bastardos,
ofereci o mais rápido que pude minha compaixão e uma pilha de papel em branco para
suavizar a queda. Em branco - para que não esmagassem as outras.
Se ele conhecesse eus e o cotidiano, ainda que pouco, saberia
que aquilo que foi escrito, foi escrito com caneta permanente.
* Tudo o que me
toca vira tatuagem.
Monique Burigo Marin
2 comentários on "Le mot juste"
feliz dia do escritor [atrasado], querida Monique.
ainda que não nos conhecemos, conheço os teus textos e assim já ganhou meu apreço.
até.
bjo, bjo, bjo...
Que brincadeira legal! Trabalhar com as palavras assim é muito divertido. Adorei a menção aos gritos!
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