(Des)Medidas

por Monique Burigo Marin às 4:50 PM

Imagem: Monique Burigo Marin
   Eu volto logo, meu amor. Espere por mim, que eu volto. Só vou até ali na cozinha, pegar um copo d’água, pra minha garganta não secar de espanto. Pros meus lábios quererem um pouco menos a tua saliva.
 Desculpe se demoro, é que na cozinha eu aprendo um punhado de coisas. Devo experimentar para não me faltar tempero. Para não nos faltar tempero. Para não nos faltar coisa alguma. Unto, para não grudar enquanto você cresce dentro de mim. Não economizo, para que renda mais do que o suficiente. Exercito minha paciência, para que as coisas não desandem. E até coloco uma colher de açúcar, só para quebrar a acidez.
   Eu tenho cuidado para não passar do ponto, mas erro. Quem sabe, se a gente tirar os pedaços queimados, ainda reste alguma coisa?

* Sei que a tua medida é diferente da minha, mas se der para dois, eu aceito.


Monique Burigo Marin

4 comentários on "(Des)Medidas"

Ligia on 12 de fevereiro de 2012 às 19:44 disse...

Genial! Incrivel o que você consegue fazer com as palavras!

Iguimarães on 13 de fevereiro de 2012 às 18:24 disse...

Talvez as cinzas façam renascer o que já foi

oblogdavo on 13 de fevereiro de 2012 às 21:34 disse...

Nem sempre desmedir é ruim, pode aparecer um prato fantásticamente único!
E açúcar queimado é caramelo, e queimado pode ser ruim, mas caramelo é caramelo, minha cara!
Pelo acado das coisas, li esse texto ouvindo "Oscillate Wildly" do Smiths, que combinação perfeita. Casou com a sua cozinha limpa e com essa cumbuca cheia de pensamentos de todas as notas de sabores.

=D

Dan Arsky Lombardi on 13 de fevereiro de 2012 às 21:35 disse...

O comentário de cima era meu, logado no blog da minha vó. =D

 

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