Imagem: Monique Burigo Marin |
Eu volto logo, meu amor. Espere por mim, que eu volto. Só vou até ali na cozinha, pegar um copo d’água, pra minha garganta não secar de espanto. Pros meus lábios quererem um pouco menos a tua saliva.
Desculpe se demoro, é que na cozinha eu aprendo um punhado de coisas. Devo experimentar para não me faltar tempero. Para não nos faltar tempero. Para não nos faltar coisa alguma. Unto, para não grudar enquanto você cresce dentro de mim. Não economizo, para que renda mais do que o suficiente. Exercito minha paciência, para que as coisas não desandem. E até coloco uma colher de açúcar, só para quebrar a acidez.
Eu tenho cuidado para não passar do ponto, mas erro. Quem sabe, se a gente tirar os pedaços queimados, ainda reste alguma coisa?
Monique Burigo Marin
4 comentários on "(Des)Medidas"
Genial! Incrivel o que você consegue fazer com as palavras!
Talvez as cinzas façam renascer o que já foi
Nem sempre desmedir é ruim, pode aparecer um prato fantásticamente único!
E açúcar queimado é caramelo, e queimado pode ser ruim, mas caramelo é caramelo, minha cara!
Pelo acado das coisas, li esse texto ouvindo "Oscillate Wildly" do Smiths, que combinação perfeita. Casou com a sua cozinha limpa e com essa cumbuca cheia de pensamentos de todas as notas de sabores.
=D
O comentário de cima era meu, logado no blog da minha vó. =D
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