Foi aterrorizante estar ali; naquela praça no centro da cidade onde todas as flores estavam desbotadas, onde o silêncio doía e o vento cortava. Mas o pior, estava por vir.
Vi pessoas descascando igualzinho a papéis de parede envelhecidos. Revelando as imperfeições que escondiam. Tudo exposto. Uma delas tentava colar as partes que se desprendiam da testa, outro gritava, alguns xingavam, e todos tinham no rosto a mesma expressão de desespero.
Os bancos estavam cheios, as pessoas esforçavam-se para não se tocarem, percebi que não tinham escolha senão sentar e tentar entender, e tentar impedir, e tentar aceitar. Algumas resistiam bravamente caladas - talvez estas já tivessem aceitado.
Percebi então uma garotinha que tremia e escondia o rosto nas mãos, o vestido estava rasgado e como tudo naquele lugar estava desbotado, cinza, descascando. Senti um impulso repentino de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Quis fugir levando-a nos braços. Ela era diferente, suas imperfeições eram perfeitas. Havia cor no cinza do corpo dela, eu sei.
Tentei me aproximar, mas não pude. Meus pés colaram no chão. Talvez fosse tarde demais. Quando dei por mim havia um garoto tocando minha mão esquerda. Branco e frio como a morte. Era diferente também, tinha passos firmes e nunca sentaria. Olhar vazio. Ele sorriu um sorriso triste e eu o abracei. Certamente era tarde demais.
Senti meu corpo mudar, a imagem provavelmente foi semelhante à morte de uma lula gigante. Perdendo a cor, perdendo a vida. Fisgada por uma falsa impressão.
Vi pessoas descascando igualzinho a papéis de parede envelhecidos. Revelando as imperfeições que escondiam. Tudo exposto. Uma delas tentava colar as partes que se desprendiam da testa, outro gritava, alguns xingavam, e todos tinham no rosto a mesma expressão de desespero.
Os bancos estavam cheios, as pessoas esforçavam-se para não se tocarem, percebi que não tinham escolha senão sentar e tentar entender, e tentar impedir, e tentar aceitar. Algumas resistiam bravamente caladas - talvez estas já tivessem aceitado.
Percebi então uma garotinha que tremia e escondia o rosto nas mãos, o vestido estava rasgado e como tudo naquele lugar estava desbotado, cinza, descascando. Senti um impulso repentino de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem. Quis fugir levando-a nos braços. Ela era diferente, suas imperfeições eram perfeitas. Havia cor no cinza do corpo dela, eu sei.
Tentei me aproximar, mas não pude. Meus pés colaram no chão. Talvez fosse tarde demais. Quando dei por mim havia um garoto tocando minha mão esquerda. Branco e frio como a morte. Era diferente também, tinha passos firmes e nunca sentaria. Olhar vazio. Ele sorriu um sorriso triste e eu o abracei. Certamente era tarde demais.
Senti meu corpo mudar, a imagem provavelmente foi semelhante à morte de uma lula gigante. Perdendo a cor, perdendo a vida. Fisgada por uma falsa impressão.
Monique.
6 comentários on "A Isca"
E caso a lula voltar para a água a sua cor volta?
Muitos entram em becos sem saídas... alguns sentam e esperam o improvável chegar, outros voltam alguns passos e procuram outros caminhos.
É preciso ser rápido, para que a chuva não deixe mofar nossas possibilidades.
Me deu vontade de abraçar a tal menina, ou de pegar na sua mão.
Forte o que vc escreveu, mas muito bem escrito Monique, parabéns!
Forte abraço
Monique, as coisas que você escreve me dão arrepios, às vezes.
Por ser bom, por ser forte. Por vários motivos.
Eu toco flauta transversal, doce e canto. (:
Meu pai é músico e regente do coral daqui.
Deixei um meme pra você em meu blog.
Beijos :*
Menina, texto levemente doce... agradável mesmo. por isso vou voltar..
amigos?
www.bsproducao.blogspot.com
Texto agradavel de ler!
gostei muito...
www.conto-um-conto.blogspot.com
Esse texto me assustou , tenho q analisa-lo melhor e ler novamente , achei ele complexo...
Imaginei algumas coisas , é isso q gosto ao ler teus textos , consigo imaginar.
Lindo!
bJUS.
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