Da Janela

por Monique às 3:44 PM

Isabel acordou cedo demais em pleno sábado, não conseguia dormir. Ela adorava pássaros e suas canções, mas naquele dia eles a estavam enlouquecendo. Decidiu abrir a janela e caçá-los. Encontrou um ou dois empoleirados em um galho esguio da árvore do vizinho. O vento soprou, a árvore balançou e os passarinhos voaram. Ela percebeu então que aquele era o mesmo galho que cutucava sua janela quando ventava, a criança dentro dela perdeu o medo de monstros e sorriu. Era só a natureza.
A garota ficou ali parada até que o céu se transformasse de um cinza escuro em um azul celeste. A luz invadiu seus olhos, ela sentiu-se subitamente cega e decidiu afastar-se. Fechou as cortinas, mas manteve a janela aberta. Era assim que ela gostava.
Foi então que escutou o som. Era uma harmonia macia que parecia ecoar em alto-falantes espalhados pela casa, deixou-se contagiar, deitou na cama e seus pensamentos voaram... Voaram... E voaram.
Pouco depois se levantou e olhou pela janela, no lado oposto da rua havia um garoto. Dentro de uma casa amarela, atrás de outra janela, ele tocava gaita de boca. Na verdade, ele sabia apenas quatro notas, mas isso não era importante. A harmonia cessou. Ela entristeceu. O garoto sem nome surpreendeu-se ao vê-la e corou. Ela não percebeu. Simultaneamente os dois fecharam as janelas.
Naquele dia multicolor algo se agitava dentro dela - borboletas no estômago.
Um imã invisível a atraiu para a rua banhada de sol e entulhada de carros e fumaça. Ela abriu a porta da frente, desceu os três degraus que a levavam ao jardim saltitando. Olhou em volta, tornou a ouvir a harmonia. O magnetismo enfraqueceu, desistiu da rua e deitou-se na grama, viu as nuvens mudarem de forma - uma gaita, notas musicais, uma janela e um olho azul que piscava. Por fim, ela sorriu com serenidade e as borboletas voaram.


Monique.

11 comentários on "Da Janela"

Isabel Leon on 4 de abril de 2009 às 17:23 disse...

Oi Monique,
Textos assim reforçam minha crença que a felicidade é feita de momentos simples, e nós temos que aprender a aproveitá-los ao máximo.

Abraços
Isabel

Lina :) on 4 de abril de 2009 às 17:31 disse...

Eu acho umas coisas.
Que eu adoro seus textos/contos.
E que você deveria postar mais.
^^'

Beijos :*

wiliam jk on 5 de abril de 2009 às 08:35 disse...

Naquele dia multicolor algo se agitava dentro dela - borboletas no estômago.

eternas borboletas ;)

Adriano Dirribeira on 6 de abril de 2009 às 14:08 disse...

Que bonito esse conto.. Parabéns pela sensibilidade, coisas simples da vida são tão belas.. Música e natureza, combinaçõs perfeitas..
Dá uma passadinha no meu log quando puder: http://re-visitando.blogspot.com/

Dressa Ferreira on 6 de abril de 2009 às 17:30 disse...

Adorei o blog!
Estou seguindo :)
Beijos

Lina :) on 7 de abril de 2009 às 16:54 disse...

Monique ^^'
Te indiquei um selo.
http://infinitemelodie.blogspot.com/2009/04/mais-um-selinho.html

Beijos :*

Deni on 8 de abril de 2009 às 02:34 disse...

texto lindo
sutil..
gostoso d ler
parabens pelas palavras...
sensiveis .....mto bom
xD


parabens pelo blog viu
minha primeira vez aki.
espero q a primeira d mtas!

t convido a vir no:
www.bagageirodocurioso.spaceblog.com.br

será mto bm vind lá!...
abraço e ótima quarta!

@denilson

Ravenc on 11 de abril de 2009 às 03:32 disse...

A cada dia q passa me apaixono pelo oq escreves aqui nesse blog , teus textos tem algo de mágico , não sei explicar , me faz imaginar cada detalhe , cada reação , cada cenário.
Gostei da parte em que ela descobre sobre o galho , imaginei seu sorriso de alivio. Existe mta magia nisso tudo monique e isso tudo me faz bem , continue postando e me fazendo viajar com teus contos.
Grande Bjo!

Gustavo Machado on 14 de abril de 2009 às 14:31 disse...

Teus textos são ótimos!
Quem é seu primo?
beeijos!

Anônimo disse...

Gostei muito dos seus textos, esse que escolhi para comentar em especial.
São lindos,suaves e deixam um sabor doce nos lábios após lidos.
Seguirei-te.
Convido-te:
Olhe-se através do "Espelho de Eva".
Sucesso!
www.oespelhodeeva.blogspot.com

Anônimo disse...

Seus textos se completam e me completam, de tal maneira, que só posso pensar que sou pequeno e que nunca soube escrever.

 

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