Ele não se move, sequer pisca os olhos. Mora em um quadro na estante bege da sala de estar da casa de minha avó, terceira prateleira do lado direito. Está sempre sentado atrás de uma mesa de madeira escura, escrevendo na máquina de escrever com ar de velho sábio. Uma cartola na cabeça. Uma história materializando-se no papel.
Todo o figurino indica que ele vive eternamente no século XIX. E eu aqui, presa no século XXI. E ele ali, preso na tela que alguém pintou. Tinta seca.
Tentei estabelecer contato algumas vezes, foi tudo inútil. Ele não responde. Não quer saber de mim. E eu continuo perdendo meu tempo o observando, dia após dia, intermitentemente. Desejando muito profundamente ouvir o barulho que faz a máquina de escrever quando ele escreve. Desejando secretamente ser a obra de arte de alguém.
Talvez algum dia, eu o roube da estante. Ninguém iria notar. Talvez eu o leve para a minha casa e o pendure na parede da cozinha e faça um chá com açúcar para nós dois.
Dia desses, passei tanto tempo o observando que adormeci no sofá que fica defronte a ele. Quando acordei ele havia desaparecido, a máquina de escrever estava solitária e eu também. Encontrei um bilhete ao lado do quadro:
"Você babou no sofá. Adoro o som dos seus sonhos."
Todo o figurino indica que ele vive eternamente no século XIX. E eu aqui, presa no século XXI. E ele ali, preso na tela que alguém pintou. Tinta seca.
Tentei estabelecer contato algumas vezes, foi tudo inútil. Ele não responde. Não quer saber de mim. E eu continuo perdendo meu tempo o observando, dia após dia, intermitentemente. Desejando muito profundamente ouvir o barulho que faz a máquina de escrever quando ele escreve. Desejando secretamente ser a obra de arte de alguém.
Talvez algum dia, eu o roube da estante. Ninguém iria notar. Talvez eu o leve para a minha casa e o pendure na parede da cozinha e faça um chá com açúcar para nós dois.
Dia desses, passei tanto tempo o observando que adormeci no sofá que fica defronte a ele. Quando acordei ele havia desaparecido, a máquina de escrever estava solitária e eu também. Encontrei um bilhete ao lado do quadro:
"Você babou no sofá. Adoro o som dos seus sonhos."
Monique.
8 comentários on "Arte"
Texto lindo, lindo, lindo.
Ah, Monique, quem me dera se você postasse toda hora! Já fazia duas semanas que você não postava nada !
Adoro o ar surreal e sonhador de seus textos. Você descreve as coisas com uma doçura inacreditável.
"Todo o figurino indica que ele vive eternamente no século XIX. E eu aqui, presa no século XXI. E ele ali, preso na tela que alguém pintou." Profundo e até um pouco pessimista, mas doce. Acho que no fundo todos nós estamos presos em telas invisíveis que ditam o nosso destino.
Amei.
Meu, é férias, porque você não arranja tempo para postar? Assim você me mata de ansiedade !
Beijos de uma leitora sedenta ;**
Muito lindo o seu blog, parece que foi feito com muito carinho! Difícil ver um blog assim...
ficarei muito feliz se você visitar o meu blog:
http://antoniopimenta.blogspot.com/
Abraços
oooooooownnn... muito fofo o seu blog
adorey... +++
passa no meu:
http://thaymoony.blogspot.com
beejos
Hey babe! Adorei o seu Sweet Blog!
(seguindo)
Legal esse texto! Estou há um tempo sem passar por aqui e vejo que está escrevendo cada vez melhor! Parabéns! Bj
Fiquei apaixonada pelo texto, e pelo cara no quadro também.
Doce, doce, doce.
Tembém já escrevi sobre arte...
essa imagem da porta e a cartola fui eu que fiz, favor se quiser usar colocar meus créditos e link para meus sites:
http://www.crisfaga.deviantart.com/http://www.flickr.com/photos/crisfagafoto
Postar um comentário