Re-lembrar.

por Monique às 8:40 PM

A caixa de lembranças ficou pequena para todas elas e transbordou. Arremessou a tampa para o lado oposto do quarto. Fez pessoas ressuscitarem do passado, e agora, elas querem ficar. Não podem. Não devem. Isabel não as quer mais. Estão fora do tempo, ultrapassadas e mofadas. Mofo não lhe faz bem, ela é alérgica.
Travou uma batalha contra as próprias lembranças até que todas estivessem devidamente rasgadas – o som de lembranças rasgando lhe soa ainda pior que o de dedos estalando – e separadas na lata de lixo reciclável. Assim, existe o risco de retornarem – de novo – ela adora arriscar.
Batalha vencida, hora de recomeçar. Repetição é praxe em sua vida desde a infância – nunca trocava as figurinhas repetidas. – Ao acordar, o pé direito toca o chão primeiro. É assim desde seus cinco anos de idade. Será assim para sempre. Sempre é muito tempo.

Monique.


P.S. Imagem das minhas lembranças.

9 comentários on "Re-lembrar."

Unknown on 24 de julho de 2009 às 16:19 disse...

Lindo texto.
Eu tenho medo de que às vezes as lembranças, ruins claro, possam voltar, por isso semre guardo estas caixinhas em um local secreto. Não gosto do sentimento que elas trazem... =D

Vini e Carol on 25 de julho de 2009 às 01:47 disse...

Adorei o texto, lembranças boas dão aquela saudade gostosa, aquela comparação de você antes e agora, é bom ver isso e mostrar pra si mesmo que cresceu, que as coisas, os pensamentos, tudo mudou. As lembranças ruins são as que matam, melhor deixar como passado pra não doer sempre no presente e no futuro.

Beijos, Carol

Nathy on 26 de julho de 2009 às 00:51 disse...

Olá! Encontrei o blog por acaso. Gostei! Principalmente desse post. Gosto de escritas que tem sentimentos. Parabéns!

Marcus on 26 de julho de 2009 às 14:53 disse...

Tem horas que devemos abandonar o passado, e sempre tentar mudar as coisas, para não virar rotina.

Marina Menezes on 27 de julho de 2009 às 13:59 disse...

Ah, Monique, texto lindo.
A nossa cabeça é mais ou menos isso, reciclando e ressucitando memórias.
Adoro como você escreve, imagino que isso seja o tão idealizado dom.
Ah, tem uns selinhos pra você no meu blog, não sei se você vai aproveitar mas tá lá *-*
Beijos :**

Fernando Castro on 29 de julho de 2009 às 10:17 disse...

Copiando a Nathy, "encontrei esse blog por acaso".
Mas não é por acaso que pretendo voltar sempre. Parabéns, escreves muitíssimo bem!!
até... ^^

Bah on 29 de julho de 2009 às 17:48 disse...

Oie, amei seu blog *-*
Tô seguindo!

Beijão ;*

Renato Alt on 29 de julho de 2009 às 23:18 disse...

Texto delicioso. Parabéns.
Não só pelo que conta, mas pela dinâmica que imprime a ele...
"Mofo não lhe faz bem, ela é alérgica."
Perfeito!
Bjs.

Diogo on 1 de agosto de 2009 às 22:38 disse...

Sempre é mesmo muito tempo. Palavras com ares de axioma! Tá escrevendo cada vez melhor! Bjão

 

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