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Imagem: Monique Burigo Marin |
Você desconhece a minha vontade de ter os pés descalços
sobre a grama, viver entre as árvores, fluir como líquido pelas corredeiras.
Desconhece meu ódio ao ver os animais condenados no campo e minha vontade de
inverter os papéis. Quero aprisionar os responsáveis com arame farpado.
Você desconhece esse meu lado cigano, esse meu lado
bucólico, esse meu lado rebelde. Não crê na minha força por culpa da minha
aparência frágil. Você nunca olhou, verdadeiramente, dentro dos meus olhos.
Nunca viu a mulher atrás do rosto infantil. Aliás, você sempre esteve olhando para outro lado.
A flor que caiu ontem daquela árvore, era eu. Eu, que um dia quis viver entre as páginas do seu livro empoeirado.
Monique Burigo Marin