As mãos sujas de tinta apanhavam no ar as imagens mais sinceras. Denunciavam as mentirosas e puniam as criminosas. Era o juiz do próprio mundo, dono das próprias mãos. Autor das mais sombrias histórias.
Tingia de cores intensas os quadros e as paredes. Sua angustia era arte e nem sabia. Não queria saber. Sabia o bastante e, de fato, melhor seria se não soubesse.
Hoje penduro a camisa dele no armário, reparo as manchas que não reparei quando a comprei no brechó. Essas manchas alaranjadas são a paz de um homem morto. Agora eu sei.
Monique Burigo Marin