E a natureza, muda?

por Monique às 12:35 PM

Eu estive pensando em falar com você, mesmo que fosse sobre o tempo. Aliás, você nem imagina a instabilidade do tempo aqui, bem aqui, dentro e fora de mim.
Eu deveria ter construído um mundo mais frágil, sem amortecedores para abalos sísmicos, abrigos contra furacão, e alarmes que anunciassem o perigo se aproximando. Eu lembrei dos guardas, dos portões, dos muros, e até dos cadeados e cercas elétricas. Mas, eu esqueci de me proteger contra a solidão, eu esqueci de abrir os portões de vez em quando, de dar férias aos guardas, de pular o muro. Eu esqueci de estabelecer contato com o mundo exterior, e esqueci de convidá-los a conhecer o meu. Quero esquecer do que esqueci.
Já não suporto suportar essa proximidade que nos distância. E eu não vou me adaptar a estar distante, por mais que eu estude a natureza de um camaleão ela nunca será a minha. E a minha natureza está cheia de flores secas e ervas daninhas, grama morta e barro ressecado, nada de cores exuberantes, nada de chuvas refrescantes; nunca mais.
Só há a vida latente e por natureza temporária. Essa condição temporária para tudo é o que me enfraquece, sufoca, entristece. O tempo é curto demais, e minhas pretensões são colossais. Estou à deriva no oceano, em um barco furado, prestes a naufragar.
E o mais ridículo de tudo, é que hoje - rodando, girando, rodopiando, contornando... Acompanhando a rotação do meu mundo – eu só queria um sorriso, um só. Eu só queria um abraço, só um. Mas eu estava sozinha atrás dos meus escudos.

Monique.

10 comentários on "E a natureza, muda?"

Diogo on 6 de março de 2009 às 16:28 disse...

Hummm

RJ on 6 de março de 2009 às 18:22 disse...

Pow Monique, que baita texto esse aí!
o pior é que é verdade.. a gente se protege de todas as formas contra aquilo que pode nos machucar vindo de fora e esquecemos que muitas coisas de dentro, como a propria solidão podem nos enfraquecer e nos derrubar com uma intensidade bem maior... poxa, mto bom mesmo!


parabens de vdd!

Bruna B on 6 de março de 2009 às 21:51 disse...

nunca mais, é muito tempo.
e nunca, nunca será tarde para abrir os portões, demitir os seguranças, plantar margaridas e espalhar sorrisos.

Dan Pessôa on 6 de março de 2009 às 22:01 disse...

É interessante como nos protegemos do que não conhecemos ainda. Não nos permitimos, essa é a palavra. Ainda bem que você se permite expressar coisas tão profundas e palavras, e nos permite ler seu texto. Você escreve muito, muito bem. Parabéns!

Lina :) on 6 de março de 2009 às 22:26 disse...

Brigada pela visita, Monique.
(:
Adorei seu blog, também.
Vou favoritá-la, posso?

Beijos :*

Anônimo disse...

ah, que lindo tudo aqui :)
adorei...

obg pela visita, e parabens pelo blog :) tudo tao intenso!

Anônimo disse...

Não sei se conseguiria definir solidão com tanta precisão. Parabéns pelo blog. :D

Anônimo disse...

supimpa.

**Daya** on 13 de março de 2009 às 16:24 disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
**Daya** on 13 de março de 2009 às 16:28 disse...

Poxa monique,muito leindo o post,alias é um assunto que eu sempre gosto mutio de falar,infelzimente estamos sempre nos protegendo demais,nos enchendo de escudos o tempo todo para termos a certeza que não seremos atingidos por nada,criamos barreiras o tempo todo e paredes enormes em volta de nós ,assim impedindo a passagem de pessoas em nossa vida,de oportunidades apenas por medo e pura insegurança,o medo de se entregar, o medo de se envolver, o medo de arriscar em algo,o medo do medo,o medo do desconhecido,nós mesmos nos inibimos ,não nos deixamos se permitir si mesmo.
E com todas essas proteções que nos fazemos acabamos nos distanciando e tornando pessoas isoladas,vazias e ao mesmo tempo aprisionados dentro de nossas próprias barreiras que criamos o tempo todo,e quando vamos ver o tempo passou e estamos ali da mesma maneira,perdendo as oportunidades e se distanciando de tudo e todos.
Já me senti assim muitas vezes e acho que todo mundo também,mas um dia pensei muito e disse pra mim mesma que nunca mais ia deixar as janelas e portas da minha casa trancadas, o melhor é ir a luta sem medo do que possa nos atingir,se algo nos atingir?a gente cai e se levanta depois,esse é o verdadeiro sentido da vida,se entregar sem medo e viver os momentos.
Belissimo post ,adoreiiiii.

 

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