Fotografia: Joanna
É que sei que as luzes da cidade iluminam seu caminhar na volta para casa. Quando já estás cansado de todas as luzes do mundo e só o que precisas é deitar logo a cabeça na cama cheia de travesseiros.
Então eu venho até aqui, apoio a cabeça nas mãos e procuro por você no meio dessa confusão. Aliás, hoje procurei por você o dia todo na rosa que guardei entre as páginas de algum livro meu. Ela não estava lá. Você não estava lá.
Sinto saudades das suas manias de organizar do seu jeito a minha organização e acabar bagunçando tudo, sem intenção. Sinto falta da sua falta de cuidados com as coisas e do seu excesso de zelo para comigo. Sinto, às vezes, que estamos os dois em lados opostos do globo; e você está bem aqui, ao meu lado. Sinto saudades até dos seus batimentos cardíacos que sempre me deprimiam. Eles nunca deveriam parar.
Então a cidade apaga. Abandona-me. Deixo minha luz acesa que é para não me perder também. Depois faço meu casulo com o edredom e cubro até a cabeça, pois quando tudo fica deserto assim, temo que os vazios preencham o mundo.
Monique Burigo Marin