Le mot juste

por Monique Burigo Marin às 6:42 PM 2 comentários
Tive a felicidade de conhecer, ainda que pouco, um escritor que tinha para tudo uma palavra certa. Para não perder excertos, ele carregava no bolso uma caneta nanquim, foi com ela que escreveu na palma da minha mão o que não se escreve. Admiradas com as palavras dele, as minhas, crianças de pernas bambas, engatinharam de volta para dentro de mim. Ele percebeu.
Ele percebeu e, como se fizesse aquilo todos os dias, empurrou uma por uma para fora do ninho. Acima das nuvens, todos os 800 gritos mudos que eu ainda estava guardando, ganharam voz. Aos bastardos, ofereci o mais rápido que pude minha compaixão e uma pilha de papel em branco para suavizar a queda. Em branco - para que não esmagassem as outras.
Se ele conhecesse eus e o cotidiano, ainda que pouco, saberia que aquilo que foi escrito, foi escrito com caneta permanente. 

* Tudo o que me toca vira tatuagem. 

Monique Burigo Marin

Ama-dores

por Monique Burigo Marin às 1:43 PM 4 comentários

Consequência

por Monique Burigo Marin às 1:18 PM 2 comentários
 Tenho medo de sair de casa e encontrar você. Tenho medo de sair de casa e não te encontrar. Pela rua, seus olhos me sorriem em rostos estranhos. Seus passos me seguem na direção errada.  É que eu deixei pistas falsas pelo caminho.  Sinto muito. Pensei que eu estivesse lá, mas eu não estava.  Pensei que eu estivesse aqui, mas não.
   Eu ando precisando esquecer de tudo isso que a gente não foi juntos. Do seu jeito de conversar comigo dentro de ti. Desta minha mania de querer te escutar, de querer te entender, de querer viver pra sempre aí dentro. Eu ando.
   Quem me vê passar, assim despreocupada, não me reconhece. Não vê, no meu jeito de andar, os buracos e as pedras e as guerras que enfrentei. Não vê porque a juventude oculta a alma em decomposição. E quem me vê andar, assim leve, não imagina o peso que é carregar você no pensamento.
Eu estou contigo, e não vou embora. Nem que pra isso eu tenha que ficar sem mim.
Monique Burigo Marin
 

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