Texto e desenho retirados do blog Oitocentos Gritos Mudos, autoria do gritador Dan Arsky, cujas palavras povoam meus pensamentos constantemente.
Uma colega de
caneta, dessas que a gente não conhece pessoalmente, mas já leu uma verdadeira
antologia de produções da pessoa, sempre soltava sua máxima: "Jujubas
e Elefantes Murchos".
Ora, diabos, se
estes elefantes estão murchos, por que não comem as jujubas?
Na verdade, eles
comiam, mas as jujubas eram pedriscos e aqueles paquidermes eram daltônicos.
- Hey, Sr.
Elefôncio! Estas jujubas são pedras, não está vendo?
- Para mim são jujubas,
e muito saborosas!
- São pedras, sua
besta! Veja!
Foi aí que o
elefante murcho secou de vez. A epifania forçada lhe fez mal. A verdade doía
como agulhas debaixo da unha.
Mas num dia de seca,
olhou para as pedras e sorrindo as alcançou com a tromba.
O velho ranzinza,
aquele epifanista magro e nojento, já gritou de longe:
- E falam da memória
do elefante! Já te disse que são pedras! Pedras!
- Não são, são
jujubas! - e seguiu comendo. E ainda de boca cheia complementou para o velho:
- Você que sempre viu
errado.
E o velho colocou
umas pedras na boca e mastigando, perdendo dentes disse:
- E não é que são
jujubas mesmo!?