Sobre o Medo

por Monique às 3:07 PM 10 comentários
Eu queria, juro que sim, mas não sei como. Tenho medo de pisar muito forte no telhado e quebrar as telhas. Melhor ficarmos aqui, onde a terra é firme, onde o peso do meu corpo é quase nada. Melhor ficarmos assim, juntos, protegendo um ao outro dos perigos que criamos. Ora, encontrar tomate na lasanha é uma tragédia.
Por favor, não esqueça mais a torneira aberta, um dia você inunda a casa inteira e morre afogado. Para! Não me faz cócegas, você sabe que de tanto rir eu quase morro. E, viver rindo porque não há outra saída é quase morte.
Não me deixe dormir, vai que eu acordo em outro lugar e no meu lado tem alguém que diz bom dia, vai que o bom dia é pra mim.
Eu tenho medo, sim. Medo de perder-me e de perder os outros. Medo do real e do faz de conta. Medo do fim do mundo, de o céu cair, de ser presa por engano, de luz e de promessas. Tenho medo até do medo. Eu, que acreditava ser corajosa...
Pensando bem, esqueça o que te falei sobre proteção, deixe que eu vá enfrentar os meus monstros. Se o mundo acabar com teu abraço... Dane-se, melhor assim.

Monique.


P.S: Peço desculpas pela minha ausência, o tempo foge e eu não o alcanço.

Por Todos os Quases

por Monique às 1:25 PM 11 comentários

Por tudo o que poderia ter sido e não foi, quero dizer que não sinto muito. Quero dizer que não sinto mais. Confesso que foi difícil, perdi tempo monitorando meus pensamentos para que não se aproximassem de ti. Até troquei o telefone porque não suportava mais aquele fio tão parecido com o seu cabelo. Parei de assistir TV para evitar lembrar da sua mania irritante de trocar o canal a cada segundo. Cortei quase todos os veículos de comunicação, com medo de que você aparecesse aqui e ali, em alguma palavra, em alguma imagem, em algum ponto final disfarçado de reticências. E, o mais ridículo de tudo é que lembrar de não lembrar não me permitia esquecer. Eu não percebia, quase deixei de ser. Foi um período de existência efêmera. Mera transição de um eu para outro desconhecido. Mas, agora, nem a sua síndrome de pernas inquietas atrapalha minha quietude.

... Eu continuo aqui, querendo dizer e, por vezes dizendo através dessas palavras que você nunca escuta.


Monique.
 

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